Marcelo Dutra da Silva

A vez do agronegócio sustentável

Ecólogo
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O agronegócio responde por mais de 50% de tudo que é exportado pelo Brasil e há muito tempo desperta o interesse do mercado de capitais. A própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem firmado acordos de cooperação técnica com organizações do setor no sentido de fortalecer os mecanismos de acesso voltados aos empreendedores do agro, com a promoção de estudos, pesquisas e realização de eventos. Tudo para que se desenvolva, na cadeia de negócios, o senso do agro investidor, por meio de ações de capacitação e disseminação de conhecimento.

Investir no agronegócio é um interesse que não está mais limitado aos grandes produtores rurais, visto que há interesse crescente dos pequenos e dos médios. Além disso, outros elos da cadeia vêm se aproximando, a maior parte em busca de recursos para se financiar, e serão estes acordos firmados pela CVM que vão auxiliar no desenvolvimento de políticas e normas cada vez mais inclusivas, além da realização de ações educacionais conjuntas, para fomentar o acesso desse setor a novas fontes de financiamento, regras e diretrizes, incluindo princípios de sustentabilidade e práticas de responsabilidade socioambiental.

Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a taxa de crescimento do PIB agropecuário, publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), têm se mostrado elevadas nos últimos anos, impulsionado pelo protagonismo da soja nas demandas dos principais países importadores, especialmente China e Estados Unidos. De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a balança comercial brasileira registrou superavit de US$ 34,92 bilhões nos cinco primeiros meses de 2023, com exportações de US$ 136,06 bilhões e importações de US$ 101,14 bilhões. Esse resultado apresenta aumento de 37,6% no superavit em relação ao mesmo período de 2022, quando alcançou US$ 25,37 bilhões.

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a maio de 2023 foram: complexo soja (US$ 32,65 bilhões), carnes (US$ 9,36 bilhões), produtos florestais (US$ 6,23 bilhões), grupo sucroalcooleiro (US$ 4,47 bilhões) e cereais, farinhas e preparações (US$ 4,30 bilhões). Esses cinco grupos agregados representaram 84,8% das vendas externas setoriais brasileiras, com participação detalhada dos produtos processados, dentro de cada um dos complexos, como: soja em grão, farelo de soja, açúcar, álcool, carne suína, de frango, de boi... Um sucesso tremando que ainda vem manchado pelas notícias ruins de desmatamento ilegal, queimadas, invasões de terras públicas e péssimas condições de trabalho. Felizmente está mudando.

Métodos tradicionais de cultivo e criação não cabem mais no mercado e não tem espaço em um futuro sustentável, de economia verde e de baixo carbono, em que pesam práticas de governança, de responsabilidade social e ambiental. Exatamente o ponto de inflexão da mais radical das mudanças. A mudança do discurso. Não é mais aceitável o coronelismo, a defesa ferrenha que só é possível produzir destruindo, abrindo novas fronteiras e contaminando tudo com cargas massivas de veneno (agrotóxicos), explorando até a última gota da natureza. Não funciona mais assim e a maioria já percebeu que precisa ser diferente ou estarão fora do mercado, no futuro.

Os princípios ESG (Environmental, Social and corporate Governance) de sustentabilidade estão revolucionando o mercado, incluindo critérios que passam a ser exigidos a todo tipo de negócio, sobretudo o agronegócio. A maior produtora de hambúrguer do mundo, a Marfrig, tornou-se a precursora em pecuária sustentável. Foram quase duas décadas de investimentos e ajustes. Agora, uma gigante do agro sustentável que está colhendo os frutos. No RS também temos exemplos assim. A Be8 de Passo Fundo, por exemplo, maior produtora de biodiesel do Brasil; os produtores de carne ecológica associados da Alianza Del Pastizal... Empresas verdes, que já estão no futuro.

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